Febre Amarela no Brasil

Febre Amarela no Brasil

Febre Amarela no Brasil – O vírus da febre amarela é transmitido pela picada de mosquitos transmissores em pessoas não vacinadas. Geralmente, os focos de proliferação dessa doença são as regiões de mata.

Atualmente, a febre amarela é vista como rara no Brasil, pois sua vacina pode ser encontrada em qualquer posto de saúde. Inclusive, nas regiões urbanas, essa doença já foi totalmente erradicada.

Contudo, nem sempre as coisas foram assim e houve um período onde os turistas evitavam muito nosso país, pois o índice de contaminação era extremamente alto. Leia este texto e entenda um pouco mais sobre a febre amarela no Brasil.

Epidemiologia

O conceito de epidemiologia se refere a ciência das epidemias. Vindo dos termos gregos “epi” (sobre), “demos” (povo), “logos” (estudo), esse conceito se propõe a estudar a quantidade de fenômenos ligados a questões de saúde ou doença.

Ademais, ele busca analisar os fatores determinantes e condicionantes dessas questões nas populações do planeta.

Em suma, a epidemiologia é um conceito que trata de fatores sociais, genéticos e ambientais ligados à exposição microbiológica, tóxica e traumática que determina a frequência e a distribuição de saúde, doença, incapacidade e morte entre os grupos de seres vivos.

De um modo mais simples, pode-se dizer que epidemiologia é uma ciência que analisa as doenças e seus fatores determinantes.

Segundo o estudioso Almeida Filho, o termo “distribuição” está ligado ao termo “população”, pois essa correlação abrange questões ligadas à própria epidemiologia e suas práticas clínicas.

Epidemiologia e suas questões sociais

O estudo da relação saúde-doença por meio do método epidemiológico abrange toda uma questão social e, como muita gente sabe, cada sociedade possui as suas próprias leis e a explicação para isso vai muito além das possibilidades do método clínico.

Quando se usa a expressão “determinantes sociais de saúde”, ela se refere as condições de trabalho e de vida das pessoas e dos grupos da população, sempre atreladas a sua situação de saúde.  

A função da epidemiologia descritiva é avaliar a frequência e a distribuição das doenças. Por sua vez, a epidemiologia analítica estuda as causas que explicam essa distribuição e a relacionam a uma determinada situação de saúde.

Essa determinada situação pode estar ligada às desigualdades entre grupos populacionais e seus níveis de saúde, a eficiência dos serviços de saúde pública ou até mesmo à identificação de suas causas e ao modo como a sociedade se organiza e evolui para resolvê-las.

Febre amarela no Brasil

A transmissão do vírus da febre amarela acontece por meio da picada de mosquitos infectados com a doença. Por isso, essa enfermidade não é transmitida de um ser humano para o outro.

No Brasil, boa parte dos casos de infecção em humanos acontece no período entre dezembro e maio, isso é praticamente um padrão.

Essa infecção ocorre especialmente no verão, quando as temperaturas se tornam mais elevadas e acontece um aumento na frequência das chuvas.

Isso favorece a reprodução e a proliferação de vetores (mosquitos contaminados) e, por consequência, aumenta a circulação do vírus.

Os vetores silvestres (Haemagogus e Sabethes) trabalham no período diurno e realizam o repasto sanguíneo no horário mais quente do dia. Ou seja, esses mosquitos ficam muito ativos entre às 9h e às 16h.

Existem dois ciclos diferentes epidemiológicos de transmissão para a febre amarela: o silvestre e o urbano.

Apesar dos ciclos de transmissão serem diferentes, em ambos os casos, a febre amarela possui as mesmas características sob o ponto de vista clínico, etiológico, fisiopatológico e imunológico.  

No ciclo silvestre dessa doença, os principais hospedeiros são os primatas não humanos (macacos) e os vetores são os mosquitos de hábitos silvestres, ligados aos gêneros Haemagogus e Sabethes, os mais comuns da América Latina. Nesse ciclo, o homem só é infectado de forma acidental, quando entra em alguma região da mata.   

No ciclo urbano da febre amarela, o ser humano é o único hospedeiro relevante e a transmissão acontece por meio do mosquito Aedes aegypti, famoso por transmitir a dengue e o vírus Zika. Em geral, o tempo de incubação da febre amarela varia entre 3 e 6 dias após a infecção do hospedeiro.

É importante ressaltar que, nos dias de hoje, o ciclo de infecção da febre amarela é totalmente silvestre, com os principais vetores ligados aos gêneros Haemagogus e Sabethes.

Em nosso país, o último caso de contaminação pela febre amarela urbana aconteceu em 1942. Depois disso, todos os casos registrados estão ligados ao ciclo silvestre dessa doença.

História da febre amarela no Brasil

Os primeiros casos de febre amarela no Brasil surgiram em 1865, quando houve um surto em quatro locais da Capitania de Pernambuco: Olinda, Recife, Goiana e Ilha de Itamaracá. Juntamente com o famoso mosquito Aedes aegypti, o vírus da febre amarela chegou ao Brasil por meio dos navios negreiros vindos da África.

Depois de algum tempo, a doença chegou em Salvador, onde gerou aproximadamente 900 mortes ao longo dos seis anos em que ali esteve.

Em 1849, a febre amarela foi reintroduzida em nosso país, pois houve uma grande epidemia na cidade do Rio de Janeiro, na época, capital do Brasil.

A razão dessa epidemia foi a chegada de um navio norte-americano vindo de Havana-CUB e Nova Orleans-EUA. Esse navio infectou os portos e gerou uma grande contaminação em todo o litoral brasileiro.

Por conta disso, mais de 4 mil cariocas perderam a vida em 1850.

Em 1889, houve uma grande epidemia e ela causou a morte de 3% da população de Campinas durante o verão. O médico Adolfo Lutz (1855-1940), em seus estudos sobre a febre amarela, afirmou que 75% da população deixou Campinas para fugir do vírus.

Em 1895, o navio italiano Lombardia veio para o Rio de Janeiro, local onde quase não havia esgoto e o nível da infraestrutura sanitária era muito ruim.

Inclusive, o recolhimento de resíduos, o comércio de alimentos e o abastecimento de água era feito sem qualquer tipo de higiene. Por conta disso, houve uma contaminação muito grande nas pessoas do navio italiano.

Naquela época, boa parte da população carioca vivia em cortiços e a entrada de alguns deles eram decorados com cabeças de suínos. Foi daí que surgiu a expressão “cabeça de porco”.

Devido a todos os casos citados anteriormente, fazer turismo no Brasil era considerado muito perigoso, pois existiam muitas doenças infecciosas.

Com isso, as agências de viagens europeias operavam diretamente para Buenos Aires-ARG, sem fazer escala no Brasil.

Essa rejeição prejudicou nosso país no transporte marítimo e na exportação do café. Além disso, a cafeicultura também foi prejudicada, pois a mão de obra, em grande parte imigrante, era vulnerável à febre amarela.

Como consequência, o Brasil não teve como pagar a dívida externa, especialmente a parte ligada aos bancos ingleses.

Ações de combate ao vírus

O Brasil só começou a combater a febre amarela em 1902, numa ação realizada pelo famoso médico Emílio Ribas (1862-1925). No ano seguinte, o médico Oswaldo Cruz (1872-1917) iniciou uma campanha contra a febre amarela no Rio de Janeiro.

Em 1928, houve um ressurgimento da febre amarela no Rio de Janeiro e isso causou 436 mortes. Por conta disso, houve uma forte campanha de combate à febre amarela. Essa ação foi feita em todo o Brasil e obteve o apoio da Fundação Rockfeller.

Em 1940, o Brasil criou o “Serviço Nacional de Febre Amarela”. Em 1957, 55 anos após a primeira medida de combate à doença, houve uma grande campanha de combate ao Aedes aegypti. A partir dessa ação, esse mosquito foi erradicado do Brasil.

Infelizmente, devido à falta de prevenção das autoridades e da população brasileira em geral, esse mosquito retornou trazendo mais doenças e permanece até os dias de hoje.